sexta-feira, 9 de abril de 2010

A luz é de pouca intensidade mas direcionada. Sob o facho, tem um livro aberto sobre as pernas. É seu momento especial. A poltrona, o café, depois do almoço. As lentes embaçam a cada gole. Ri disso. Como se envolvesse o mistério que se revela a cada parágrafo. Sopra em vão e a fumaça se dispersa da xícara. Às vezes acha o cheiro penetrante do café melhor que o líquido. Está lendo Guerra e Paz. Depois de Ana Karenina e de uma sexta tentativa de atravessar a nado o Ulisses, resolveu-se pelos clássicos russos. Mas ainda estava com o pensamento renitente; não se sentia ainda em condições de viajar tão longe. Os alunos, porém, estavam empolgados com a ideia de encenar O Jogador. Mas tinha receio de que a diretora da escola não achasse lá muito adequado. Quem sabe algo de Shakespeare? E depois, se fosse indicada para concorrer à direção da escola, como faria com esses projetos...? E se fosse escolhida? Não teria nenhum aluno e todos? Puxa, era melhor mergulhar no livro e ir para o meio das estepes.

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