segunda-feira, 30 de março de 2009

Endo

O que quero dizer aqui vem por necessidade: não é a mim que presta contas, tampouco se estende das minhas particularidades. É uma espécie de in-vasão desse impulso que não se acomoda, tipo comichão que não tem nunca lugar preciso... é sempre mais ao lado... mais um pouco... Não! Pior. É dentro! Endo. Prurido procurando saída. Exit. Querendo romper o lacre. Mas nada de alarde! Em caso extremo, quebre o vidro e comece a soprar o airbag. Ou aperte-se o botão. Os botões, pois, diante do apocalipse, vieram salvar o mundo pela ameaça. Atrás de um botão há insondáveis outro mundo e outras religiões. De estranhas conexões. De entranhas. De pilastras em que patranhas espreitam em bando para sugar nossos ossos até o caroço. Não importa o bom senso. Pior se for bom moço. Então temos irreparável o inverossímil. Non sense. Míssil em direção ao centro. O perímetro afinal contra-ataca. Não há saída. No way. Vá baixando a calcinha! Colocando a carteira sobre a mesa. Que você... é a presa! Não precisa ter pressa! O lado de dentro é lá fora. Calma que o fora também é aqui dentro. Assim não precisamos nos preocupar com o tempo. Você está entendendo? Perfeito! Dentro das paredes-parênteses, a frase de cada um faz seu sentido, como este exato momento, vírgula! Agora não há mais tempo. Não vamos a lugar algum! Perdemos o andamento. Viu! Com um salto, soltou-se para cima feito balão de rima. Todas as pequenas profundas e profusas comemorações são um mesmo tributo, atos de um mesmo espetáculo - falhos. Por isso mesmo escrevo, creio. Creio porque escrevo que creio. Feio! E se esse escrevo parece óbvio, pois basta se justaporem caracteres que se perfila um sentido que já se nem tem. Há, porém, um alguém que escreve, mesmo anônimo, mesmo atônito, mesmo antônimo. Mas há a necessidade das marcas. E quanto mais sentido percorrem essas arcas de moral, mais referências são feitas reféns. As marcas têm seu poder de preferência e persuasão. São o verbo ‘estar’ na essência do desejo. Fazem tanto o significado atribuído por quem as produziu quanto por novos, mais ricos e profusos, que lhes decifrou os múltiplos sentidos. Que, enfim, as desesfingeou. Gira o fiar da roca a seda fina do pensamento. Mas voltemos ao tema que é a tecitura desta trama: Quem somos? Para onde rumamos? Por que viemos? Não era esse o tema? Mas que trema! Peço, por favor, que consultem seus bilhetes e documentos de identidade. Fiquem à vontade! Saibam-se. Enquanto isso, comunica-se que foi encontrado ego perdido amarrotado sob a mesa do bar lotado. Ou seria uma libido alucinada correndo nua pela rua ao lado? Ameaçam atacar caso não lhes atendam súplica de provar que (não) existem. Mas, aproveitando a relevância do assunto para enfim se ter uma história: basta se narrarem fatos como possíveis verdades com alguma riqueza de detalhes, tais que só poderiam ser contados por aquele que nunca esteve lá. Assim, superpõem-se camadas de selo ou tintura com que se vão recapando arquétipos. A cada novo soterramento de idéias uma nova salivada: atualizado! Esse é o projeto narrativo. E é nesse cenário webeano que se arma o papel utilitário do protagonista: fileiras interpoladas de batalhões sem exército de tal forma que acabarão por constituir necessariamente um longo e multicolorido tecido anárquico de combatentes solitários. Nunca há, em verdade, versão final. Tudo é o entrecho de uma grande contenda que nunca se encerra. O texto não segue existindo enquanto sopro em si, senão enquanto se expõe à leitura, lido e restituído no embate corpo a corpo. Há o f(r)actual da leitura. E se pressente a presença dos fatos. Uma ilusão do desejo de dar forma e consistência à incorporeidade que nos habita. Vozes interiores supraconscientes. Ego, O. Necessitamos de estímulos ou respostas? A razão não pode admitir que estejamos famintos e que necessitamos apenas de “matar para comer”? Armas à mão, rastreamos. Sabemos da vítima pelo cheiro, pelo faro, pela textura imaginária, pela gula. A luta pela sobrevivência é o que nos conflagra animais - nenhuma dessemelhança. Todos estamos aqui ou ali para sobreviver. Boca molhada de muco. Estas aí ainda? O que pensas do carma, da evolução espiritual? Rá, o deus. Rá, o riso. Rá, a iracidade súbita. Mas não mudemos de assunto e tomemos o problema da organografia dos corpos. Não sei ao certo por quantas reciclagens tudo passa. Aliás, esse ‘tudo’ na verdade se define por até onde se estende o quanto não me compreendo. Mas não me compreenda mal pelo que eu poderia e nunca fui. Sou assim mesmo. Até que não haja mais possibilidade. Então terei a poesia convulsiva e inútil. E serei definitivamente distenso e feliz.

:o)pEEEEI P ::::::::::::B

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